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O Começo dessa história

 

Em agosto de 2004, eu sonhei que estava numa motocicleta 250 cilindradas e colocava um cinto de segurança, passando-o sobre o ombro.

 

Eu tinha iniciado num novo emprego e passei a usar ônibus, num trajeto de uma hora, quando não havia congestionamento.

 

Lembro que, na mesma época, ouvi pela primeira vez a expressão: “O para-choque é a testa do motociclista”.

 

Até então, nunca pensei em dirigir uma motocicleta. Andei como carona, havia já muito tempo. Mas passei a acreditar que poderia fazer uma gaiola com cinto de segurança. Então voltei para a autoescola, para ter habilitação também para motocicleta. Comprei uma YBR usada em novembro. Elaborei o primeiro pedido de patente e depositei-o, em dezembro.

 

Em 2006, contratei um estudo de viabilidade com a I9, Empresa Junior de Engenharia Mecânica da UFSC.

 

Segundo o estudo, na segunda Guerra mundial, um projeto semelhante fracassou, em razão do “aumento de altura do centro de massa, que impedia a realização de curvas de pequeno raio, com velocidades relativamente altas”.

 

Entendi que precisava evitar impactos na aerodinâmica, alteração no centro de massa e riscos à estrutura original.

 

Soube também que a BMW e a Renault já fabricavam “scooter” ou motonetas com cintos de segurança, vendidas no mercado externo. Diziam que a da BMW foi vendida no Brasil, mas que era muito cara.

 

Com essas informações, fui reinventando o projeto. Logo abandonei a ideia de usar proteção para a chuva, nas laterais, pois entendi que prejudicariam a dirigibilidade.

 

Depois do estudo, desenvolvi placas com cintos de segurança e depositei o primeiro pedido de patente internacional, em setembro de 2006.

 

O relatório da pesquisa internacional foi desfavorável. Então refis o pedido, restringido-o às placas com cintos de segurança e obtive parecer favorável em exame preliminar internacional, em junho de 2008.

 

 

A possibilidade de ejeção

 

Quando falava do projeto, qualquer pessoa que tivesse alguma experiência com motocicleta contava uma história de acidente no qual os motociclistas ficaram bem, depois de ser projetados a certa distância. E manifestavam temor de agravamento dos riscos com a fixação pelos cintos.

 

Acabei sofrendo um acidente com essas características, em setembro de 2007. A minha primeira memória ainda é da batida do capacete contra o capô de um carro. Rolei e caí no asfalto. Senti o joelho esquerdo, no qual já havia sofrido uma cirurgia, em razão de um primeiro acidente em 2006.

 

Mas, quando a ambulância chegou, nem sequer precisei usar maca. Tinha muitos hematomas, mas apenas o joelho esquerdo foi atingido com alguma gravidade. A frente da moto e o capô do carro foram destruídos.

 

Depois desse acidente, entendi que a estrutura deve ficar apenas apoiada sobre a motocicleta, permitindo que seja ejetada pelo impacto de um eventual acidente.

 

Mas estava desanimada e o projeto ficou meio abandonado até dezembro de 2008, quando o redesenhei e elaborei um novo pedido de patente.

 

Em 2009, desenhei apoios em mata-cachorros e a primeira portinhola flexível inteiriça, que era grande e acompanhada de telas fixadas na parte superior.

 

As telas foram imaginadas depois que consultei o engenheiro mecânico Daniel Pereira.

 

Ele concluiu que uma gaiola agravaria os riscos, ao se deformar durante um acidente. Disse que os tubos poderiam estrangular os motociclistas e, caso os pedaços se soltassem, suas pontas poderiam causar ferimentos. Foi a primeira pessoa que me alertou sobre os riscos das pontas dos tubos.

 

Naquele momento, não pensei que precisava de uma solução para as pontas dos tubos. Mas entendi que os vãos da gaiola podiam ser preenchidos por telas. Da ideia das telas, surgiram as portinholas flexíveis, para proteger os joelhos.

 

 

A Estrutura Alveolar

 

No início de 2010, pedi orçamento de projeto de um protótipo para a I9 (Engenharia Mecanica da Ufsc).

 

Mas então os estudantes responsáveis concluíram que o projeto seria inviável. Disseram que as estruturas conhecidas não eram bastante resistentes para garantir que os benefícios superassem os riscos.

 

Mas disseram também que o suporte do colete do condutor poderia representar um risco para o carona. Logo pensei que o risco seria eliminado com um suporte circular, com o vão na altura da cabeça.

 

Depois dessa reunião, pensando no círculo, fiz ligação com os antigos mata-cachorros, que eram feitos de tubos curvados e inteiros. Comecei a imaginar uma estrutura de muitos mata-cachorros: leve e resistente.

 

Então desenhei a estrutura Alveolar e depositei o pedido de patente em abril de 2010.

 

A estrutura Alveolar era formada por módulos de pedaços de tubos dobrados, unidos por duas placas, fixadas uma na outra, em torno de curvaturas.

 

Era já encaixada em suportes, ou seja, não era fixada na motocicleta.

 

Com o desenvolvimento da estrutura alveolar, desisti das telas. Pois entendi que eram bastante resistentes para eliminar o perigo de agravamento dos riscos em razão de deformação. Hoje acho que estava equivocada.

 

Mas a estrutura Alveolar eliminava o risco de ferimentos pelas pontas dos tubos, pois elas eram curvadas para dentro dos módulos.

 

 

O primeiro protótipo

 

Apesar de estar otimista com a estrutura Alveolar, andava ainda desanimada com as dificuldades. Então voltei a ter um sonho, no final de 2010.

 

Eu vi um veículo da largura de uma moto. Ao me aproximar, ouvi tocar um celular dentro dele, que dizia o seguinte: para de dizer que não dá, para de dizer que não dá, para de dizer que não dá...

 

Ao acordar, escrevi isso numa folha, colei com fita adesiva na parede do escritório e decidi insistir na realização do protótipo.

 

Os serralheiros diziam que seria difícil fazer as curvaturas muito próximas e acentuadas. Mas consegui um orçamento com a JC Usinagem, em São José.

 

Eles acabaram cortando e soldando os tubos para fazer as curvas. 

 

Quando vi, entendi que era muito melhor que nada. Serviria para os testes de dirigibilidade. Ajudei o funcionário Michel a fazer a montagem, em quatro manhãs de sábado, no final de abril e maio de 2011.

 

Publiquei um artigo no meu bloque em agosto de 2011 (soniardecastro.blogspot.com.br/2011/08). O projeto então tinha o nome de Motoiola – mistura de motocicleta com gaiola. Mas eu já enfatizava que não era mais uma gaiola.

 

 

Os primeiros testes

 

Conduzi o protótipo da serralheria em São José até a minha residência em São Pedro de Alcântara. Cheguei a 90 Km/h sem sentir nenhuma diferença no comportamento da motocicleta.

 

 

O compromisso com uma missão maior

 

No feriado de Corpus Christi de 2011, decidi testar o protótipo em trilhas acidentadas.

 

Pensei em ir ao culto evangélico na Segunda Linha, uma pequena comunidade de agrigultores luteranos, entre São Pedro de Alcântara e Águas Mornas.

 

Mas o lugar estava fechado. Pedi informação sobre a comunidade de Santa Isabel, que eu sabia que ficava perto.

 

Ao chegar ao lugar, estacionei a motocicleta e subi as escadas. Então os sinos começaram a tocar. Estranhei porque eram 09:40h e os cultos costumam começar em horário cheio.

 

Logo vi que havia festa na comunidade: era a festa da colheita. O culto era em agradecimento pela produção.

 

Durante o sermão, o pastor citou parte do texto do evangelho, dizendo, “a quem muito é dado...”?, ou seja, perguntando a continuação e ninguém respondeu.

 

Então eu disse: “muito será cobrado”. E ele me fez repetir. Eu então citei todo o texto: “A quem muito é dado, muito será cobrado”.

 

Eu já sabia que esse projeto era grande e que tem um propósito maior que sua finalidade direta. Aquilo foi como uma cerimônia de formalização de meu compromisso com algo muito maior. Cuja compreensão eu nem tento ter. Porque sei que já foi muito além de mim e dos meus limites.

 

 

Nas trilhas

 

As curvas foram realizadas com toda tranquilidade, demonstrando que ficavam mantidas as condições de equilíbrio e dirigibilidade da motocicleta.

 

 

A Estrutura Curvilínea Integral

 

Ao retornar da igreja naquele Corpus Christi, um dos módulo estava mal parafusado e se soltou. Então entendi que eu precisava reduzir o número de conexões, para minimizar o risco de desmonte.

 

Assim imaginei a primeira estrutura com tubos inteiros, apenas curvados.

 

 

O segundo protótipo

 

Em 2013 ainda fiz um segundo protótipo, na empresa Arte Curvas. Tinha dois tubos laterais e um suporte em formato de circunferência, fixado por duas placas.

 

 

A ideia do projeto atual

 

Na greve bancária de 2013, depois de muito pensar em fazer uma visita, eu estava a caminho de uma casa de repouso.

 

Então vi um motociclista carregando um tubo em sentido vertical. Acho que estava amarrado nas suas costas.

 

A partir dali, comecei a imaginar o projeto Armadura Tubular. Sempre místico.

 

 

Os pedidos de patente

 

Os pedidos de patente da versão atual ainda não foram publicados. Segue relação dos pedidos já publicados. Os números precedidos por PI e BR podem ser consultados no site do INPI e os números precedidos por PCT e WO no site Wipo (Patentscope):

PI0405453-9, de 06/12/2004, título: Suporte de Cinto de Segurança para Motocicletas;

PI0504397-2, de 03/10/2005 (o mesmo título);

PCT/BR2006/000202, de 28/09/2006, título: Motorcycle Safety Vest Support Frame;

PI0805744-3 de 29/12/2008, título: Gaiola Apoiada em Motocicleta;

PI0905865-6 29/12/2009, (o mesmo título);

PCT/BR2010/000447 de 29/12/2010, título: Aveolar Cage; 

PI1001283-4 de 28/04/2010, título: Gaiola Alveolar; 

PI1102903-0 de 21/07/2011, título: Estrutura Cuvilínea Integral;

BR 10 2012 005577-5 de 13/03/2012 (o mesmo título);

PCT/BR2013/000072 de 12/03/2013, correspondente à publicação WO/2013/134837.

 

Sonia R. de Castro, abril de 2015

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Por S. R. de Castro. Criado com Wix.com

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